História Comum
Ele jogava na retranca.
Ninguém sabia o seu itinerário,
pois ele tinha vergonha
de mostrar a fragilidade
que escondia a todo custo
em nome de uma fachada
que sempre ruia à noite
no fundo mágico do quarto.
Mas, um dia, o despertar atrasou
e todos souberam o resultado do jogo
nos copos, na cabeceira,
no álcool impregnando o quarto.
Todos souberam o resultado
no veneno revólver do lado.
Todos leram, viram o retrato.
Mas na tarde, que antecedeu à noite,
ninguém sabia o que ele era,
ninguém viu seu coração tão frágil,
bêbado batendo doido
sua vontade, seu fogo.
Ninguém percebeu
que ele fazia versos
e cantava quieto
pra ninguém do lado.
Ele jogava na retranca.
Cristina Ribeiro R
Enviado por Cristina Ribeiro R em 18/05/2010
Alterado em 10/03/2025