Carta Caipira
Uma carta de amor de um caipira
é feita à luz do sol
no meio do laranjal
ou na janela enluarada
à luz de lamparina
E tem um gosto de jaca,
de jabuticaba
que só vendo
E cheira a capim-gordura,
capim do vale...
Cheira a tantos matos
O caipira escreve
em mal-traçadas linhas
com uma satisfação
que até a alma vai no envelope
E é uma carta grande que nem jibóia...
E no final uma nota:
Querida Mariquinha, não arrepara, não,
o papé vai com noda,
mas em compensação, botei nele
todas as borboletas que sonho,
todo o meu coração saudoso
e um 'cherim' de frô gostoso
que vai te derrubá no chão,
minha formosa!
Cristina Ribeiro R
Enviado por Cristina Ribeiro R em 15/06/2011
Alterado em 15/06/2025