Na esquina do meu prédio, um karaokê em pleno vapor. Pessoas cantando em grupo, sem máscara. As bocas, com certeza, expelem gotículas nas outras e os piores sons em nossos ouvidos.

          Todo dia, é o mesmo repertório. Fica minha pobre cabeça entre isso e as vozes da TV que repetem mecanicamente o mesmo dito: covid-19, JB, coronavírus, recessão, mortes...

          E as imagens são as mais horripilantes!

          O jeito é me refugiar mais em meu confinamento, me armar de fones e ouvir o quê? Um tango argentino que me enterre em meu próprio peito ou um samba rasgado que me faça esquecer o cenário de horror do meu país?

          Parece que não tem jeito.

          Há uma razão que não vê saída e um coração que grita de saudades, de revolta, de tristeza e muito medo!