Cristina Ribeiro - Prosa & Verso
"Eu sei que canto e a canção é tudo" - Cecília Meireles
Textos
Coisa de gente
          Tenho pensado muito sobre o amor - tema batido - e a solidão. Sem pretensão,  mas partindo de uma condição sex-agenária, tirei pra mim umas belas conclusões e estou muito satisfeita com elas. Até porque  todos os meus sumos hormonais e pensamentos tempestivos estão bem assentados no corpo e na alma, como uma criança na calçada fazendo bolinha de sabão.

          O amor é mágico, é um processo de absorção da alma que não se desfaz, um fruto que se ingere e não se expele. Passa a fazer parte da nossa estrutura, independente das decisões que venha tomar a pessoa amada.

          Amar é abrigar alguém suavemente na alma. É uma gravidez nas entranhas.

          Ao contrário do que dizem, não dói. Às vezes, a pele deseja. E o desejo nos mostra a felicidade de existir e poder ver aquela pessoa também existir como deseja.

          Quem ama pode ter a sensação de estar sendo seguido nas ruas. É o manto misterioso de um sentimento lindo que nos aquece,  nos acarinha e nos acompanha.

          Solidão é outro assunto. É falta de uma terapia que se chama projeto. Todo projeto é terapêutico. Quem desenvolve algum sabe que 1 dia deveria durar 1 semana, porque 24 horas é muito pouco para a coreografia louca do fazer, desde o sair da cama até o retorno a ela com o corpo tomado de cansaço.

         O amor não tem nada a ver com nada disso. É uma estampa, um enfeite espiritual, uma auréola astral, uma lareirinha interna. Uma luz!

          Não é recomendável desistir dele, viver sem ele, porque é fonte de restauração permanente.

          Amor é coisa de gente!
Cristina Ribeiro R
Enviado por Cristina Ribeiro R em 16/12/2024
Alterado em 18/12/2024