A brincadeira do papai e da mamãe
Mesmo em uma sala geladinha, em uma situação confortável, as notícias de outros setores vão entrando nos ouvidos e a gente segue ruminando uma por uma.
Dessa vez, foi o drama de um menininho e eu resolvi dar uma passeada nos corredores, como se clicasse no botão "saiba mais". Seguindo o movimento, fui parar no pátio da unidade. Os meus olhos imediatamente incidiram sobre um cacho de cabelos que saltava para fora do pano que cobria o resto da criança. Estava no colo da enfermeira e o vento, ingênuo ou alheio a qualquer dor, brincava com aquele emaranhado ainda tão vivo quanto lindo.
Do outro lado da cena, só poderia ser o pai, porque o sujeito, totalmente desesperado, jogava os braços pro alto, cobrando mil porquês de uma divindade que não protegeu o seu pobrezinho.
O fato é que papai e mamãe o deixaram dentro de uma picina com outro também menorzinho, mas um pouco maior que o recente anjo. O que é que poderia acontecer? Era uma picininha infantil inofensiva. Enquanto papai e mamãe brincavam lá dentro, os irmãozinhos se refrescavam.
Nem sempre é facil ser um servidor público, lotado na secretaria de saúde. É muita história pra contar. Dá pra escrever um livro.
Cristina Ribeiro R
Enviado por Cristina Ribeiro R em 22/01/2025
Alterado em 22/01/2025