Eu estava ouvindo "The Long and Winding Road" e comecei a chorar. Essa melodia mexe com as minhas entranhas. Desliguei o bluetooth, guardei os fones. Hoje não é dia de ouvir música. Tô triste e não tô a fim de fazer pose nas molduras. Cabeça tá cheia de cenas grotescas de seres humanos no BRT e eu tô sem nenhum motivo pra rir e ir: a gata mordeu a boca de outra gata, o rato roeu a roupa do rei de Roma e meu outro lado está cada vez mais pra lá do outro lado de mim.

          Qualquer um vive. Independente de como. Quando saio pra rua, vejo muitas pessoas nas calçadas dormindo, vejo criança largada. Na minha unidade de trabalho, de vez em quando, entra uma moça que só anda pelada, não aceita tecido nenhum que não seja a sua própria pele.

          A vida é uma ópera em que tudo acontece simultaneamente e escorre para um tonel como se fosse uma poção de um ogro do lodo. Nos compete obrigatoriamente beber.

          Mesmo amarga, quem quer largar essa vida? Pode passar um cometa, pode surgir uma nova Elis do nada e até um novo Machado que nos faça um resumo dessa porr@ toda e também nos faça morrer de rir com seu sarcasmo.

          Clicando no modo espera pela milionésima vez: toiiin!!!