Meu Deus, como são difíceis ou quase impossíveis as coisas do amor entre nós, os ditos humanos...

          O amor é o grande ícone do gran-finale de um espetáculo. Lembrando que, dependendo do compromisso, ele pode não dar o ar de sua graça. Enquanto isso, entra em cena, uma infinita espera de mãos dadas com a ansiedade, que desespera tanto, a ponto de nos quase fazer varrer um mar inteiro pra fora da atmosfera. É. Porque o tempo das Penélopes passou e atualizamos o ato de esperar. Hoje, é quase um processo industrial ou um descompensamento total da estrutura psíquica.

          Em muitos casos, é aconselhável "deixar de ser", principalmente se o paciente for mulher. É preciso um elenco de escolhas, o que usar e dizer... é preciso deixar de ser você e assumir um personagem. É preciso também dispor de um tempo, que já é tão pouco na vida, para dedicar a esse ser de cetro e coroa que, quem sabe, está caminhando para o grande enconto regado a sonhos e luzes que vão apalpar seus corpos carentes, sedentos de afagos e dar sentido a todo um sistema  genital que o universo nos deu. Mas é recomendável suportar o tempo irregular da espera. Talvez ele até chegue no velório a tempo.

          Ah, não... andei desistindo disso e insistindo nisso. Preciso agora assinar um contrato permanente, um termo de compromisso com a existência, seja como for pra que for... Bater palmas para quem encontrou esse cálice sagrado e entender que isso não é mesmo para todos ou para qualquer um.