Questão de análise simpática
E aí? Preparado, sempre alerta e firme para flexionar os joelhos e o verbo, em caso de mais um "bom dia!" e um sorriso desperdiçados?
Quando se trata de outro no diálogo, é preciso levar em conta que a animação das pregas vocais alheias depende de fatores que não dependem do emissor. É preciso que elas vibrem, tenham alma, um grau necessário de chama para mostrar que estão ali, vivas, embora presas em uma garganta que habita fantasmas e choros. Às vezes, falta essa chama que inflama um sujeito à manifestação, só porque está vivo ou então por simples educação. O ato simplesmente de "ser e star" implica postura. Quem é humano sempre sabe, faz o melhor e bonito.
Amor, não digo. Se não correspondido, não tem desperdício; vai permanecer no topo da tua humanidade bela, tropical, oxigenada, do lado de lá do Everest frígido. Não se avexe! Não há nenhum problema no descongelamento natural da tua pedra fundamental ao avistar ou tocar em outro corpo quente. Isso ocorre porque antes era o amor uma pedra refrescante, conservando seus graus afetivos. Amar é coisa de quem tá vivo. Ou você já viu algum morto por aí derretendo as emoções?
A palavra-chave é o verbo deletar. Se não respondeu, não sorriu; se não correspondeu, não topou o ping-pong do amor e da amizade, melhor caminhar. A palavra certa, aliás, é esta: continuar. Palavra linda, verbo de ligação que conecta o sujeito aos melhores predicados.
É tudo uma questão de análise simpática, de encaixar sinteticamente o poder atômico de um sentimento na caixa torácica, sem exacerbar, gastar com quem não está nem aí, e ponto.
Cristina Ribeiro R
Enviado por Cristina Ribeiro R em 20/04/2025
Alterado em 21/04/2025