Procurando...
Há quanto tempo não vejo o meu amor tão distante, ausente - no entanto, cada vez mais vivo na minha existência. Fico procurando por ele nos vídeos, no meio das pessoas, das coisas, de tudo... Sinto vergonha, o que vão dizer? Que sou obcecada... quiçá psicopata, já pensou? Vão ter pena de mim por essa persecución, coisa de mulher doida, carente.
Procurar é coisa de gente. Parte de uma necessidade, às vezes, afetiva ou curiosa. Pode ser coisa séria de estudo. E também questão de direito. Procurar o belo é um direito de quem quer dopamina e viajar, suspirar de delírio. Por isso, não só olhamos, contemplamos tudo que vem ao encontro do nosso olhar glutão, faminto e desejoso.
Todo olhar é insaciável, mais comilão do que a boca... mais sensível a toques do que a pele... quer cores, quer todos os dedos se movendo, quer tudo o que aos sentidos encanta. Os olhos são o resumo da alma, o centro da percepção. Com eles, sentimos, sussurramos, ouvimos... É só fechá-los e deixar que a magia percorra o afã corpóreo do nosso universo.
Procuro, sim, por ele. Sem fissuras, sem queixas, sem morrer. Procuro para existir, arder. Gosto de ver sua postura elegante, ereta; gosto de flagrar seus raros risos; de ouvir sua fala que o torna um gigante; gosto de ver para onde vão seus braços, para onde aponta um dedo. Ele me encanta como um fulgor, uma faísca... qualquer coisa que brilha e ilumina. Eu corro, sim, para vê-lo. Se ele não estiver, vasculho o espaço para encontrá-lo ou olho sua foto no perfil. Não tem nada nele que eu não ame, parado ou em movimento. É um pedaço de mar, de ilha, maravilha...
É para isso que, junto à criação do ser-humano (aposto!), também foi criada a busca, a procura. As maravilhas existem para serem descobertas, vistas e deglutidas pelos olhos, como um monstro abocanha com voracidade um pedaço de carne ainda pulsando.
Nem quero ver quando eu focar meus olhos nele...
Cristina Ribeiro R
Enviado por Cristina Ribeiro R em 26/04/2025
Alterado em 26/04/2025