Bêbados e babados
É preciso promover a paz; cantá-la em prosa e verso, discutir sobre ela nos palanques, nas telas, nos jornais e nos livros.
Mas, antes, temos de falar da indústria bélica e seus lucros astronômicos com a produção de armas letais em larga escala.
Também precisamos combater a hipocrisia e o famigerado pieguismo verbal, inspirado em flores e crianças, cada vez que ousamos exibir um mínimo desejo de convivência harmoniosa com os demais seres do planeta. Afinal de contas, se as coisas fofinhas não existissem, precisaríamos de paz assim mesmo.
Mas, oh, quem há de questionar os interesses do poder econômico?
Todos estão bêbados e babados com o crescente progresso das máquinas e contas correntes que nos dão a garantia plena de uma vida sem sentido, mas repleta de glamour e inutilidades nababescas.
Por uma questão de coerência com avanços e desenvolvimento, seria bom lembrar daqueles que estão com fome, plantados nas calçadas, quase fossilizados, estendendo as mãos.
A guerra pode contentar um ébrio cuja necessidade única é a posse da cachaça que inebria o seu espírito ganancioso, mas nos enfraquece e empobrece o solo das futuras gerações.
Cristina Ribeiro R
Enviado por Cristina Ribeiro R em 16/06/2025
Alterado em 21/06/2025